sexta-feira, 19 de março de 2010

A EQUAÇÃO DO AMOR


Hoje conheci uma mulher. Simpática, creio eu. Não especialmente bonita. Até lhe encontrei alguns traços grosseiros e as pernas feias. No entanto, senti inveja dela. Não que lhe deseje algum mal ou que lhe queria roubar a sua boa-fortuna. Invejo-a porque admiro o que ela tem e queria tê-lo para mim também. Porque aquela mulher era muito amada. This much I know.
Vi-a com o marido. Ouvi a forma como ele falava dela e como a olhava. Vi como lhe dava a mão debaixo da mesa, como o olhar dele procurava sempre o dela. Não viajava sem ela, contou-nos. Foi amor à primeira vista, contou-nos. Soube imediatamente que ela era Ela.
Apesar de ter seguido ciências sociais sempre tive alguma apetência pela matemática. E não querendo tomar o lugar de algum neo-Einstein devo dizer que reduzi o amor a uma equação matemática que penso traduzir com exactidão aquilo que deve suceder:
a dedicação e o compromisso de X, somado à sua paixão e respeito, têm que ser somar o mesmo resultado que o compromisso e respeito de Y, adicionado à respectiva dedicação e respeito.

Se o X for o Eu e o Y for o Ele, então, aquilo que eu lhe dou terá que corresponder àquilo que ele me dá em troca. Já fiz parte de uma equação desacertada. Se há coisa que aprendi é que não funciona. Quando assim sucede - quando de um lado sobrarem milésimas, centésimas, décimas, unidades mesmo, - é porque a equação está incorrecta e aquele suposta meia laranja é apenas uma laranja podre que nos vai acabar por amargar a boca. Solução: substituir aquele Y por outro que permita um resultado perfeito.
Podem filosofar à vontade sobre o amor, mas uma coisa é certa, no finalzinho aquilo que eu dou não pode ser mais (nem menos) do que aquilo que recebo. Matemática pura.
Ou talvez não… afinal, se 2 mais 2 nem sempre são 4, provavelmente no amor nunca são 4… Confesso que já tive dias mais felizes, de modo que hoje não estou na plena posse das minhas faculdades intelectuais. Será que no amor nada é mensurável? Será que se pode viver numa relação em que o meu 100 tem como equivalência um 0 da parte contrária? Será que a lógica matemática deixa escapar as pequenas nuances humanas? Se calhar nada disto é explicável. Não sei. Mas pelo menos uma coisa eu sei: Hoje conheci uma mulher. Era muito amada. E eu senti inveja dela.

4 comentários:

  1. Não é isso que queremos todas?! Ser muito amadas?! Um beijinho*

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  2. Acho que tens toda a razão...isto do Amor é mesmo uma equação que tem que dar resto zero.
    Pessoalmente acho que nós Mulheres muitas vezes não estamos preparadas para sermos verdadeira e incondicionalmente amadas...porque temos medo, porque não acreditamos...whatever. mas o nosso maior problema é que nao deixamos pura e simplesmente que alguem nos escolha para Amar....queremos ser sempre nós a escolher e não as escolhidas :)
    FM

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  3. "...mas uma coisa é certa, no finalzinho aquilo que eu dou não pode ser mais (nem menos) do que aquilo que recebo. Matemática pura..."

    Não discordando do exposto nem da lógica do amor, a matemática pode ser pura mas por vezes ocorre em diferido...
    É essa componente variável que falta, uma fracção de compreensão (in)temporal! É preciso saber compreender que "hoje" o Y pode ter contribuído menos mas o X não pode tornar-se logo negativo nem desigual. Há situações em que o X terá de se tornar aditivo, para compensar o negativismo do Y (e vice-versa) e saber esperar porque "amanhã" pode dar-se o inverso da fórmula e o Y estará do outro lado do igual para dar a mão debaixo da mesa... =) Não será assim o amor uma relação linear, não se traduzindo numa recta e muito menos numa relação directamente proporcional.

    Numa linha, a matemática do amor deve assemelhar-se de uma curva sinosoidal, aproximando-se da "equação do tempo". Essa fórmula, quando perfeita, tenderá então para o infinito...

    Teorias Einsteinianas à parte, acho que a Vera apenas se esqueceu de introduzir a "Divisão" na fórmula do amor, o amor não se pode resumir só a adição e multiplicação. Sem a divisão o resultado acabará invariavelmente numa subtracção!

    Feitas as contas o que espero é que, como diz a música, "True Love Will Find You in The End"!

    E não querendo ser muito chato... vou-me subtrair!

    ps. - parabéns pelo blog, é um bocado de gaja... mas gosto!

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  4. Obrigada Rambaldini (estou a pronunciar correctamente?).
    E sim, o blog é um "bocadio de gaja".
    É que apesar de tudo, nãp obstante, no entanto, contudo, todavia e porém... eu sou uma nina.
    ;)

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