segunda-feira, 7 de junho de 2010

A VIRGINDADE RELATIVA


Tenho trabalhado muito em direito farmacêutico e durante as inumeráveis noites em que privei de perto com patentes and so on descobri que, para patentear uma invenção é requisito essencial que a coisa seja “nova”. Não vos querendo maçar com o fabuloso mundo da propriedade industrial, sempre posso avançar que será “absolutamente nova” a invenção não conhecida em nenhuma parte do mundo, e relativamente nova aquela desconhecida no país onde pretende ser registada, ainda que conhecida noutros quadrantes geográficos. Pois bem, assentemos ideias: se uma invenção pode ser nova em várias acepções, então, porque não pode uma mulher ser virgem em várias acepções? Por exemplo, a senhora Y é relativamente virgem em relação ao senhor X, mas não é absolutamente virgem já que em boa verdade varreu metade da cidade. Mas, ainda assim, é virgem. Digo eu… E assim resolvo o assunto a uma série de gente que adoptou os comportamentos que bem entendeu mas agora é incapaz de os assumir perante os outros.
Estas divagações mais ou menos estapafúrdias assaltaram-me a cabeça num domingo sonolento, estando eu semi-estendida no Micra (eu sei… carro de gaja…. ) de uma amiga, a caminho da Figeuira. Dia de praia, conversa de meninas, línguas soltas, saí-se a Leninha com o relato televisivo da temporada. E assim fiquei a saber que, algures pelo mundo, existe uma “associação recreativa” (espero que não para defesa de interesses profissionais) chamada de “Clube das Virgens”. Assim mesmo. Já não é só o Sporting (só eu sei, porque não fico em casa!!!!!!!! lalalalalalalal), o Porto, o Estrela da Amadora. Agora as virgens têm um clube. Não jogam futebol, mas de certeza que têm tantos adeptos quanto o Manchester United.
E pronto (“prontos” também é lindo!). Prometo que esta foi a minha última nota de sarcasmo. Porque o assunto é sério. A virgindade é uma coisa séria. E cabe a cada um e a cada uma abrir mão dela (é que não gosto de a ideia de “perder a virgindade”… parece-me sempre que a deixei esquecida num banco de autocarro) quando bem entender. Conheço quem o tenha feito aos 29 e quem o tenha feito aos 12. E certamente haverá quem tenha sido ainda mais lento e ainda mais apressado. É matéria do foro íntimo de cada um. O momento temporal releva menos do que a pessoa que está do outro lado. É por essa que temos que esperar, não por uma idade ou uma situação da vida. E bem pode acontecer que, mesmo não sendo absolutamente virgens, no sintamos relativamente virgens dado o grau de entrega com que nos assumimos perante alguém que encontramos em momentos mais tardios da vida. Como se fosse aquela a primeira vez e nunca antes tivesse existido outro qualquer someone. “Like a virgin, touched by the very first time…” (é sabido que o meu grau de desafinação é proporcional à minha vontade imensa de cantar).
O que me surpreende é que haja quem faça bandeira da sua virgindade e caminhe pelo mundo apregoando-a. Será que existe também por aí um “Clube das Promíscuas”? E o “Clube dos que Gostam do Sexo Assim e Assado”? E o “Clube dos que Preferem Papel Higiénico Macio”? Não me surpreenderia. . . o associativismos é realmente uma coisa fabulosa.
Este é o blog: http://clubedasvirgens.blogspot.com/ Vale a pena dar uma olhada. Sem preconceitos. Afinal, se nenhum de nós tem vergonha de entrar numa sexshop e não nos rimos ao ver o que por lá anda (ou não anda), parece-me congruente entrar no site com respeito, e até alguma admiração por quem consegue dominar os impulsos da natureza durante tanto tempo.

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