segunda-feira, 28 de junho de 2010
Lá por terem inventado a democracia….
A democracia é uma coisa boa. Enfim, na maior parte das vezes apenas significa que todos os idiotas estão do mesmo lado, mas como até ao momento ainda não encontrámos nenhum outro sistema político que privilegiasse desta forma a sabedoria do homem comum lá temos todos que levar com a democracia, com dias de eleições que calham em domingos de sol em que apetece estar na praia, com campanhas eleitorais, referendos e debates televisivos.
Parece que foram os gregos que inventaram a democracia. Note-se que este foi o mesmo povo que defendeu a morte dos velhos e doentes e que incentivou práticas sexuais entre os soldados para cimentar a proximidade e tornar o exército mais coeso. Mas pronto, inventaram a democracia e parece que isto os redime de tudo o mais. Claro que também foram os primeiros a defender ideias que serviram de suporte a todos os grandes pensadores da História e construíram colunas ainda hoje estudadas nas aulas de arquitectura, o que lhes dá uns pontos a mais.
Talvez por isso os nossos amigos gregos se sintam agora no direito de nos meter a mão no bolso, e daí que ande meia Europa a custear o défice grego. Coisas da União Europeia. Isto de ser “Europeu” (seja lá o que isso for) não é só passar fronteiras sem controlos nem inspecções ao saco das compras. Volta e meia há obrigações a ser cumpridas. Mas digo isto com a serenidade de uma europeísta não (demasiado) ressabiada com a chulice grega.
Faz-me lembrar a amiga que nos emprestou um tampão naquele dia em que tivemos a triste ideia de vestir calças brancas sem nos recordarmos que se aproximava aquela altura do mês (em que está tudo bem, tudo bem, podes até andar a cavalo ou de bicicleta, não te podes é esquecer do OB’s em casa), e que agora, por causa desse gesto de bondade, não perde a oportunidade de nos pedir emprestadas peças de roupa. E depois tem o altíssimo descaramento de a s devolver com manchas estranhas que só nos fazem desejar não estarmos perante uma modalidade caseira da Monica Samille Lewinsky. Ou, se preferirem uma versão masculina da coisa, o amigo que um dia vos apresentou uma prima que parece a Soraya Chaves, mas que se despe ainda mais rápido do que ela, e que agora pensa que lhe devem copos toda a noite.
Agora, o que me irritou até à quinta casa foi a reacção do governo grego a uma notícia divulgada pelo Guardian, segundo a qual o Estado grego estaria a ponderar vender as ilhas de Míconos e de Rodes para saldar as suas dívidas. Vai daí aparece o Governo, com o seu melhor ar de Madalena arrependida, a desmentir a notícia e a dizer-se muito ofendida com tamanha calunia. Oh meus amigos, ofendida estou eu e todos os outros milhões de europeus que nesta altura do campeonato vivemos com severas limitações económicas, em países cujos Governos se debatem também com dificuldades que assomam a catástrofe financeira, e que mesmo assim temos que vos pagar uma semanada. Ofendidos? Deveriam era estar agradecidos com a sugestão.
E já agora, porque não a aproveitamos nós para resolver os nossos próprios problemas? Já estou a ver a Espanha a livrar-se, pardon my french, a “vender”, a Catalunha ou o País Basco. Quanto a nós, o que poderíamos vender? Aposto que em Lisboa se sugerirá a venda do Porto, ao passo que na Invicta sempre se dirá que melhor que ver Lisboa a arder seria mesmo vende-la. Sempre se poderá pensar em vender o Alentejo já que parece que por lá se passa pouca coisa, se bem que estou em crer que 10 milhões elegeriam a Madeira como objecto de transacção. Quem sabe vendê-la a Cuba para o Alberto João não sentir saudades demais dos cubanos do continente. Mas eu, que nasci nas planícies do baixo Tejo, voto no Alentejo mesmo. Já me estou a imaginar vendida aos espanhóis, a poder comer paella e torilha todos os dias (às onze da noite, pois então, que melhor hora para jantar?), falar inglês macarrónico, mas, apesar de tudo, inchar de orgulho com tudo o que é nacional, leia-se, espanhol?.
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