segunda-feira, 10 de maio de 2010

The serial girlfriend


Uma vez ouvi na televisão que não havia notícias de serial killers do sexo feminino. Parece que para mater em série só mesmo os homens. Em contrapartida, surgiu recentemente um espécimen, frutos dos tempos actuais, e típica do sexo feminino, que muito tem amedrontado a sociedade hodierna. Refiro-me à serial girlfriend.
Certas escolas de criminologia defendiam que o criminoso era criado pelo meio envolvente, isto é, seriam as ocorrências da vida que fariam dele o que era. Pois bem, é exactamente o que sucede com o “sujeito” do nosso presente estudo. A serial girlfriend não namora porque queira, mas sim porque a isso é forçada pelas circunstâncias exteriores. A carência de um príncipe encantado genuíno (e não “made in China”, que a qualquer momento se transforma em sapo viscoso) obriga-as a saltitar de flor em flor, de namorado em namorado, cometendo assim a sua cadeia de crimes.
Vários especialistas na matéria concluíram que esta pobre criatura é, em boa verdade, vítima da sociedade em que vive. Pois nos tempos das nossas mães os príncipes pareciam ser mais frequentes… afinal, elas casaram com eles e foram, medianamente, felizes. Mas agora, estas modernices de mulheres emancipada impelem-nos (que digo eu??? forçam-nos) a procurar o perfect boyfriend.
Consequências: estamos transformadas em “namoradas em série”, a pior espécie de criminosa que há (enfim, a seguir, às “miúdas que roubam os namorados das namoradas em série”, que ainda são piores do que nós).
Vamos a não sei quantos “dates” por mês, andamos com os nervos em franja de beber tanto café com variadíssimos 1,80m de homem, martirizamo-nos com dietas infinitas para compensar os milhentos jantares a que a nossa posição obriga… enfim, um martírio, apenas suplantado pela culpa perpétua de deixar plantados bons rapazes. E porquê? Bem, pode ser porque têm um tique na orelha esquerda ou porque não acenaram com a cabeça o número adequado de vezes durante a nossa conversa. Vítimas que ficam para trás, quantas vezes mutiladas… mas somos impiedosas quando se trata de trucidar aquilo que não nos serve.
O problema da serial girlfriend é que, por vezes, é ela a deixada para trás. Como se fosse a legítima sanção a aplicar ao mais perigoso dos criminosos. Pode não haver pena de morte entre nós, mas se há alguma coisa que a serial girlfriend suporta pior do que a morte é a humilhação de não receber um segundo telefonema. E aí está uma coisa que Jack, o Estripador, nunca sofreu na pele. Ou talvez não… Quem sabe não foi por ser deixado plantado que ele deixou de matar e, de mansinho, desapareceu da História?

1 comentário:

  1. No tempo das nossas maes os principes eram mais frequentes? Medianamente felizes? Muito contrário às histórias que ouco e vejo à minha volta. Elas nao tinham era grandes hipóteses de mudanca. Mesmo as que foram uma vida inteira infelizes e mal-amadas (e criadas) ainda hoje na meia-idade nao têm coragem de se libertar, porque as coisas eram assim e pronto. A defesa era conformarem-se com a vida (nao pensar ajuda).

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