segunda-feira, 3 de maio de 2010
A PERFEITA OBRA DE ARTE
Algures no mundo existe uma pessoa chamada Guillermo Vargas Habacuc. Não sei o que come ao pequeno-almoço, se prefere café curto ou longo, se é casado e tem filhos, qual o seu clube de futebol. Para muitos será um homem comum. Para mim é um demente, um imbecil e um criminoso da pior espécie. Porque uma coisa eu sei: este tipo matou um cão à fome. E chamou-lhe arte. Arte? Desculpe, está o senhor a dizer que amarar um cão e deixá-lo paulatinamente a morrer à fome (não com certo regozijo, suspeito eu) é o mesmo que pintar a “Mona Lisa”? Ou o tecto da capela Sistina? Ou esculpir a “Pietà”? Ou escrever “Les Misérables”? Ou compor a Nona Sinfonia? Ou dançar o lago dos cisnes? Bem, assim de repente, vêm-me à memória uns quantos artistas que não concordariam certamente com tal asserção. ´
Reconheço que a arte moderna em muito da distingue dos pintores holandeses e flamengos do século XVI ou do impressionismo de Van Gogh. Quem vê a “Fountain” de Marcel Duchamp pode ser levado a pensar que um urinol de porcelana pouco tem de artístico. E não discordo de todo, embora confesse que encare as suas criações com certa curiosidade infantil, que no final acaba por me transmitir uma sensação próxima à do “O Beijo”, de Klimt. Próxima… não exactamente igual. Convenhamos que empinar uma roda de bicicleta em cima de um bando não é o mesmo que cantar uma ária de ópera a ponto de nos fazer chorar.
Mas matar não é arte. Nem que seja um cão (diria mesmo - atendendo às enormes alegrias que os animais já me deram e que muitos humanos nem se aproximaram - especialmente não se for um cão). Nem que o cão seja vadio e não tenha ninguém que chore a sua perda. Porque eu choro. Eu choro a perda daquele cão, o modo como morreu, o sofrimento porque passou. E não me venham dizer que os bichos não sofrem. Sofrem, sentem, choram até.
Sinto-me ofendida porque um monstro matou um cão. Acho a suposta “obra de arte” repugnante. E pouco me importa que o seu autor tenha ganho o 1.º lugar da Bienal de S. José de Costa Rica durante dois anos. Ou melhor, importa-me muito. Incomoda-me muito. Enoja-me muito que haja quem lhe aplauda as taras de doente mental.
Chegou-me às mãos uma petição para o impedir de participar na Bienal Centroamericana de Arte em 2009. Eu assinei. Mas depois percebi que afinal teria imenso gosto em ver o lá. Simplesmente, desta feita, sendo ele a obra de arte. Não seria lindo ver o tal Guillermo Vargas Habacuc amarrado a um poste a definhar de fome? Eu choraria de emoção perante a beleza de tal obra de arte. A obra perfeita, atrevo-me a dizer.
A arte é bela, estimulante, desafiadora, cativante. Pode despertar alegria ou tristeza, mas sempre há-de trazer excelência às nossas vidas. Matar um ser indefeso - humano ou não humano - de forma a causar-lhe sofrimento atroz é a negação de tudo isto. Este tal suposto artista deitou estes valores por terra. Só antevejo a possibilidade de lhe reconhecer algum mérito artístico no dia em que se amarrar a ele próprio até ao momento em que a fome lhe leve a melhor.
Nota da autora:
para quem estiver interessado, http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html.
Assinem por favor.
Obrigado.
Vera
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