sexta-feira, 29 de abril de 2011

MANIFESTAÇÕES PÚBLICAS DE CARINHO


Não tenho a mínima intenção de limpar as vísceras do meu “significant other” com a língua em locais públicos.
Assim como não baixo as calcinhas para fazer xixi no meio do bar nem aproveito o momento em que estou estendida na toalha, em plena praia, para palitar as fissuras dentárias, não faço questão que me lambuzem ou me toquem mais intimamente quando exista assistência por perto. Mais. Confesso até que fico incomodada quando sou forçada a presenciar esses episódios XXX ao mesmo tempo que bebo o meu Delta ou danço no meio da pista. Mas já confirmei que sou antiquada, logo… gimmy a break.
Isto que ficou dito acima é uma coisa.
Coisa diferente é a total proibição de manifestações de carinho em público.
Aquele beijinho tão rápido como um choque eléctrico, as mãos dadas ao andar (convenhamos…. nem sempre, mas por vezes), um abraço quando faz falta….? Porque não?
É ofensivo? É-o tanto quanto passar a mão pelo cabelo, porque em boa verdade é do mais natural que há. O ser humano foi feito para viver em comunidade, seja na sociedade de milhares seja no “couple” da cumplicidade a dois. Se não me coíbo de coçar aquela comichãozinha na ponta do nariz, porque me hei-de inibir de passar a mão pelo cabelo dele?
É embaraçoso? Apenas para quem é inseguro, em si mesmo ou no que toca à vida em conjunto. Se é verdade que não faz sentido publicitar por megafone que se está com alguém (e não temos todas amigas que gostam de nos gritar ao ouvido cada nova conquista???), também é certo que quando ele procura esconder o acontecimento do mundo lá fora é porque na verdade nada aconteceu senão no país da fantasia que reina nas nossas cabecinhas românticas.
Vai tornar-se alvo das piadas dos amigos? Nesse caso aconselho a procurar novos amigos, que preferencialmente já tenham saído da adolescência e das infindáveis horas sozinhos na casa de banho com a mão amiga que nunca os deixa mal.
Pela minha vida já passou de tudo, desde o namorado meloso que não me larga o pescoço (xooooo, chega para lá miúdo!) até ao namorado com problemas afectivos, não sei se por falta de carinho em terna idade (e sabe tão bem culpar os pais de tudo, não é?) ou porque é, simplesmente, néscio. Mas o que eu gosto é do in between, que me deixa respirar sem sufoco mas que está pronto para me sufocar ao mais leve olhar meu.
Quem se vira para mim no meio de rua e me diz, com a maior cara de pau (como sou uma senhora, não lhe posso chamar outra coisa), que se sente desconfortável com manifestações de carinho em público, e retira abruptamente a sua grande mão (sempre… gosto de homens grandes) da minha mão pequenina, merece só uma coisa. Só uma. Uma boneca insuflável. Que não lhe dê a mão, nem lhe pergunte se está triste, nem o arraste para compras, nem lhe apresente amigas chatas, em suma… que não o incomode. Na falta de boneca, ou caso se sintam desmotivadas pelo preço das ditas, aconselho uma alga. As algas fazem o mesmo efeito. E ocupam menos espaço. Em qualquer das hipótyeses, será certamente menos embaraçoso e incomodativo para eles passar na rua com a boneca ou a alga. Asseguro que nenhum delas lhe agarrará na mão.

1 comentário:

  1. Pois é minha querida...ainda se vêem muitas mulheres a sujeitarem-se a homens que caminham 2 metros à frente delas :S é triste mas a nossa sociedade ainda suporta estas coisas...
    E a estes homens só nos resta perguntar uma coisa: se não queriam tratar bem a mulher e acarinhá-la, porquê que a iludiram na esperança disso mesmo???

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