sábado, 1 de janeiro de 2011
Escova de dentes, lingerie, 40 pares de sapatos
Este texto dirige-se a todas as Barbies deste mundo, que não saem de casa sem se olhar ao espelho e sem meter na bolsa o rouge para os lábios. E, convenhamos, para os metro também (onde incluo desde os decimetrosexuais até aos kilometrosexuais).
Aviso já: não me levem a sério. Aliás, nisso, sou como o Araújo Pereira (hum… paixão platónica): ninguém me leva a sério, nem mesmo eu. Mas leiam e reflictam.
Preparar uma mala de viagem é tarefa complicadíssima. Estou em crer que deveria haver pós ou masters sobre isto, porque de facto exige muito estudo e ponderação.
Primeira questão: que mala levar: um saco mais pequeno, que se possa pegar na mão, para não corrermos o risco de nos considerarem obcecadas pelos trapos? (não sei onde foram ver desta ideia…? … e aqui reviro os olhos) Ou antes um mala maior, de rodinhas, mais fácil de transportar, mas que nos marca com o estigma de aparênciodependente? É que o dito “saquinho” pode na verdade pesar quilos – o peso aumentará em directa proporção com a técnica de cada uma para enfiar muita traquitana (um must do calão) em pouco espaço – e lá teremos nós que pegar nele com o sorriso forçado de quem carrega o mundo disfarçado de pluma, dedos crispados e vergões nos braços. E esqueçam o andar sedutor… lá irão cambaleando estação fora, como eu fui do alto dos meus saltos vermelhos.
Segunda questão: adequação da indumentária à temperatura. O que parece simples pode, na verdade, tornar-se extremamente complicado sempre que a informação meteorológica da véspera não coincida com a cor do céu do próprio dia. E lá vamos nós desfazer o saco, tirar tudo cá para fora e delinear novo plano de vestuário. E quando digo tudo… é mesmo… tudo. Não apenas o trapinho em si mesmo, mas os respectivos anexos: sapatos, maquilhagem, bijutaria, roupa intima. Pois quem se lembraria de levar as mesmas sandálias cor-de-rosa, que tão lindas ficavam no vestidinho rosa e branco, para a fatiota preta e vermelha??? Please, be serious: rosa com preto e vermelho???? E o mesmo vale para os brincos rosa choque, para o batom rosa bebé, para a sombra rosa pálido…. Não tendo nós a sorte de reclamar o daltonismo (até nisso os meninos têm sorte: então não é que a maldita doença que nos livraria do pecado de misturar cores só afecta genes Y?). Nem se pense em usar um soutien preto por baixo da t-shirt branca… há que ter um mínimo de decência minhas senhoras.
Terceira questão: adequação da vestimenta às acções planeadas. Vamos caminhar pelo parque? Esquece as sandálias de 25 cm e leva antes as sabrinas. Praia? Nem te atrevas a ir dondoca e pega já nos shorts e, claro está, em 3 pares de bikinis, não vá o diabo tecê-las. Sair à noite? É óbvio que não há menina que leve para a noite a mesma roupinha que usou durante o dia, transpirada e já vista. Ao pôr-do-sol transformamo-nos em Cinderelas, saias curta e top brilhantes, eye liner e olhos fumados. Vale tudo! Menos usar o vestido que nos cobriu o dia inteiro, por mais elogiado que tenha sido.
Estas preocupações são especialmente prementes quando a companhia de viagem seja o mais que tudo. Eles não notam, é verdade. É-lhes indiferentes que andemos de avental ou com calças de bom corte. Estou até inclinada para pensar que a primeira opção lhes agradaria bem mais (ou nuas, melhor ainda). Dizem sempre que estamos bem sem sequer olhar para nós. Mas, se tudo isto é verdade (e eu confirmo) porque insistimos em mirabolantes planos de conjugação de cores e feitios para os impressionar? Pérolas a porcos? Talvez. Mas eu não jamais pensaria em fechar a minha malinha sem lingerie de vários tons, o estojo de make up e 10 pares de sapatos. Escova de dentes? Isso compra-se em qualquer sítio…
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