domingo, 5 de setembro de 2010

Na alegria e na tristeza


“Prometo amar-te e respeitar-te, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza todos os dias da nossa vida até que a morte nos separe”.
A vida é feita de altos e baixos. Nos altos queremos um homem suficientemente seguro de si que abra a garrafa de champanhe e brinde connosco. Nos baixos queremos um homem suficientemente forte para nos amparar as quedas.
Às vezes as pessoas preferem estar connosco quando estamos mal, porque assim se sentem mais precisas. E logo que vêm a nossa vida a andar para a frente pensam que se tornaram desnecessárias. Ou então não suportam que o nosso caminho avance e o deles não. Isto é particularmente certo quando a vida que anda é a dela e a que estagnou é a dele. Homem que é homem aguenta muitas coisas, muitos socos e muitos copos de whisky, mas não uma mulher que ganhe mais, que tenha mais sucesso, que granjeie mais admiração. Por isso, quando encontrem um que vibre com os vossos sucessos, minhas amigas, não o deixem fugir porque não encontrarão muitos assim. É bom ter ao nosso lado alguém que não se sente ameaçado, nem rebaixado, nem inferior. Que, bem pelo contrário, se sente o homem mais feliz do mundo por nos ter ali. Quem é inseguro gosta de se sentir forte, o líder, o herói. Para isso precisa de ter junto a si quem o faça pensar que ele é superior, a estrela do universo. Ora, os nossos momentos felizes dificilmente deixam espaço para o outro brilhar.
Mas por muita falta que nos faça um companheiro para a vida nas horas felizes, a verdade é que é nos momentos menos felizes que mais valor damos a quem permanece junto a nós, aguentando tempestades, birras, dramas e tristezas. É que por muito fortes que nos façamos perante os demais quando somos assaltos pelas agruras da vida é na intimidade do lar que tiramos a máscara de super-mulher e passamos a ser uma menina, indecisa e insegura. É perto daqueles que mais gostamos que mostramos as fragilidades, as incertezas, os medos, as raivas, as fúrias mesmo. Quando todos os outros nos elogiam a força e a coragem ele (ou ela) sabem que no fundo estamos assustadas e queremos um mimo, um aconchego, um abraço.
Ainda há dias vinha eu pela rua e de repente os meus pensamentos foram assaltados por uma música que, bem, enfim… como dizer? Quase tenho vergonha de a conhecer. “Thank you for loving me
For being my eyes
When I couldn't see
For parting my lips
When I couldn't breathe
Thank you for loving me”
Eu sei… é do piorzinho que se fez por aí. Nem mesmo um Bon Jovi ainda trincável em plena Roma salva a musiquinha. Mas a verdade é que enquanto caminhava cabisbaixa rumo a casa pensava é como é bom ter alguém para nos receber e nos confortar. Alguém que nos diz que, no matter what, tudo vai correr bem.
Não sou uma pessoa fácil. Em boa verdade ninguém o é. Mas eu sou um bocadinho menos fácil. O mero facto de existir alguém neste mundo que me acha suficientemente especial para me aturar quando toda a minha vida se desmorona é louvável. E espero que ali esteja sempre, na alegria e na tristeza. Até que a morte nos separe. Ou até que ele se farte de mim.

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