sexta-feira, 16 de julho de 2010

E você, estaria disposto a quê?


A informação oficial diz que Cristiano Ronaldo, melhor jogador do mundo (sorry Messi, Cacá, Xavi Hernandez, Fernado Torres), excepto quando ao serviço da selecção, contratou uma mãe de substituição para ter um filho. Tenho para mim que a história está mal contada. Mas vamos supor que foi mesmo assim, isto é, que ele não comeu miúda alguma numa noite de copos e de outras coisas, que a miúda não engravidou e o tentou chantagear e que ele, para apagar este fogo, decidiu ficar com a criança e pagar à senhora o suficiente para ela poder comprar sapatinhos até ao resto dos seus dias. É um “suponhamos”. E de agora em diante vamos raciocinar na base deste relato, seja ele verídico ou não.
Pois bem, o CR contratou com uma senhora para lhe gerar uma criança com o seu esperma e depois lho entregar, abdicando de todos os seus direitos maternais. Isto – a dita maternidade de substituição – é uma prática proibida entre nós e, mais do que isso, criminosa sempre que envolva uma retribuição à mãe de substituição, como parece ser o caso. Uma vez que neste caso o comportamento teve lugar num outro pais – segundo consta, nos Estates, onde é permitida em certos Estados – coloca-se agora a questão de saber em que termos vai ser reconhecida em Portugal. Mas, pondo momenteamente de parte a questão jurídica, isto faz-me pensar nos motivos que impulsionam as pessoas a ter filhos, e a fazer coisas bizarras para os ter.
Ter filhos está na moda. Não há modelo, actriz ou star do Big Brother que não queria inchar a barriga até parecer que vai rebentar e ser fotografada a comprar roupinhas de bebés. Os socialites gostam especialmente de adoptar, e mais ainda se for uma criancinha do suposto 3.º Mundo. Provavelmente quem tem dinheiro a sério precisa destes actos de generosidade para se sentir melhor com as quantias que gasta. Pena que se nunca se tenham recordado de mim como um caso de caridade, que ainda estou em boa altura de ser adoptada pela Madona ou pelos Bradelina (Brad mais Angelina). As mães de substituir são a coisa mais in a seguir à adopção. Ora, sendo o CR um tipo muito fashion, pensou ele um dia: “Agora que já uso roupa interior da Calvin e casacos da "Gucce" só me falta mesmo uma mãe de substituição”.
As pessoas fazem coisas estranhíssimas para ter filhos. E não me refiro apenas a estas novas e imensas possibilidades oferecidas pelas técnicas actuais. Mesmo quando o fazem in the old -fashioned way . Desde mezinhas ancestrais, até posições rebuscadas, passando pela nada piedosa mentira do “não te preocupes que eu estou a tomar a pílula”. Ora, como eu disse um dia a um amigo, “quem é o idiota que acredita nas palavras de uma mulher?”. E digo isto com o maior respeito que nutro pelas mulheres, não só porque tenho esta particularidade de contar com dois cromossomas X, mas também porque acho que são criaturas admiráveis. Matreiras, porém.
Porventura estes expedientes a que recorremos para ter filhos tornaram-se inteiramente justificados num mundo onde os homens não querem ter crianças porque se portam como crianças. De modo que somos coagidas a puxar pela imaginação para deitar a mão (mera figura de estilo esta) aos bons dos espermatozóides. Mas ainda assim, e não obstante as circunstâncias estarem contra nós, continuo a pensar que essa é uma via bem pouco legítima. Não tenho qualquer censura contra a família monoparental. De entre tantas famílias disfuncionais que por aí andam estas formações familiares funcionam tão bem ou tão mal quanto as outras. O que me aborrece é a forma enganosa de chegar até ela. Sobretudo quando, em boa verdade, o que nos impele não é o puro desejo de ter um filho, mas sim o de ter um homem, um determinado homem que amamos como se fosse a última bolacha do pacote (que sabe sempre melhor do que soube a primeira, não é?), e que pensamos poder controlar por via de um bebé. Ora, de entre todas as ilusões estúpidas neste mundo esta é porventura a mais estupidamente estúpida de todas elas. Não tenho noticia que alguma vez uma relação engendrada neste termos tenha resultado noutra coisa que não seja muita dor para todas as partes envolvidas e um faustoso divórcio.
Há quem finja tomar uma pílula que não toma. Há quem abdique de carreiras fulgurantes. Há quem arrisque a vida e se submeta a tratamentos morosos e dolorosos. Há quem se comprometa com um casamento por conveniência. Há quem contrate com uma desconhecida e lhe pague fortunas. (…) O ser humano predispõe-se a coisas verdadeiramente estranhas para ter nos braços um bebé.

11 comentários:

  1. Só uma recomendação, já mudavas a cor da letra, fica quase sem leitura com essa cor, é isso ou eu precisar de óculos em breve :D

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  2. Caríssimo Amigo Privado, duas recomendações:

    i) recomendo que leias ainda mais o blog na expectativa de definitivamente comprares um par de óculos, uma vez que é sabido que homens com ar intelectualóide são bem mais sexys;
    ii) não desdenhes da minha pink writting. Afinal, tudo na Cinderela tem que ser cor de rosa ;)

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  3. O intelecto é para se usar não para se mostrar, alem disso ser caixa de óculos nao é sexy, nao foi sexy e nao será sexy.
    Favor mudar a cor da letra, a Cinderela concerteza tb ve o What not to wear :D

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  4. Usar óculos não é sexy???? Caramba, e eu a pensar estes anos todos que o meu ar nerd fazia de mim a última bolacha do pacote

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  5. Eu estou aqui algures entre o querer e o dever...não sei se é a ultima ou a primeira mas estás decididamente dentro do pacote, a questão é comer ou não a bolacha

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  6. ASs bolachas fazem mal aos dentes. :9

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  7. Mas sabem tão bem e fazem tão bem á alma :D

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  8. Nevertheless... não fazem nada bem depois de subirmos à balança.

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  9. De onde vejo não me parece que tenhas de te preocupar com a balança, de qualquer forma uma bolachinha de vez em quando nunca fez mal a ninguem

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  10. É impossível deixar de me preocupar com ela. A danada deita-me a lingua de fora sempre que lhe subo para cima. Coisa de mulheres!

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  11. O que não nos mata torna-nos mais fortes. Mal não pode fazer.

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