quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

E no 7.º dia Deus criou o iPhone


No início era o verbo. Perdão, era o iPhone.
Esqueçam tudo o que já ouviram acerca da Criação. Os montes e os vales, as avezinhas, Adão e Eva, tudo. Basicamente, a história inteira resume-se ao iPhone.
Eu nem sou dada a gadgets. Rectifico: eu não sou nada dada a gadgets. É com humilhação que reconheço que nunca fiz qualquer tipo de ligação dos aparelhómetros na minha casa. E faço perguntas tão imensamente tontas aos técnicos destas coisas que acabo sempre a conversa fazendo-os prometer que não relatam a ninguém as perguntas que lhes fiz. Basicamente, sou aquilo a que se chama uma ignorante informática, que nunca faz outra coisa com o BlackBerry senão mesmo chamar por telefone. Ah, e ainda não estou certa de saber a diferença entre um Gigabyte e um Megabyte.
Por todos estes motivos eu seria a última pessoa do mundo a converter-me à Iphonia. Chegue até a revirar os olhos um par de vezes perante os relatos extasiados dos iPhonautas, embora confesse ter baixado um pouco a guarda no dia em que um amigo me mostrou a aplicação do ratinho que ronroneia quando lhe mexem na pancinha. Mas depois do encanto momentâneo perante tal maravilha da técnica da Apple, passado um par de horas ali estava eu, firme e hirta na minha convicção de pessoa que só usa o telemóvel para ligar. E ligar a números previamente registados manualmente pelas minhas próprias mãozinhas (já o fato de ter uma agenda telefónica aparece no meu caso como um grande incremente tecnológico).
Mas o meu ateísmo teve pavio curto, e bastou que me acenassem com uma maquineta destas 50 euros mais barata e lá vou eu, a abanar a caudinha para pegar no meu primeiro iPhone.
Qual a sensação? De absorção. Mas ao contrário.
Aqueles primeiros minutos oscilaram entre o êxtase e o sentido de ridículo. Na verdade não sabia de devia dar pulos de alegria com o meu novo amiguinho aos pulinhos na bolsa, ou se me devia esconder por baixo das minhas frágeis convicção de quem se vende por um iPhone.
Agora já sei o que fazer. Vou sentar-me aqui a instalar tantas aplicações quantas estes bichinho aguente.
Tenho o bendito há um par de dias e já nem sei como sobrevivi 3 décadas e meia sem ele. Como raio pude eu algum dia escolher um restaurante que não me tenha sido indicado pelo Appetite? E como pude andar de metro sem saber o horário de cada linha? E saber onde estava sem o meu GPS de localização?
Como poderia eu alguma vez desempenhar bem o meu trabalho quando havia um ou outro minuto em que não estava contactável? Agora, ai que maravilha, posso ler cada e-mail profissional logo que cai na minha caixa de correio e deixo de ter desculpas tontas para não responde imediatamente. Acabaram-se as invocações de que estava de férias ou no hospital. Até a meio do soninho posso agora acordar só para me certificar que o mundo continua de pé mesmo sem a minha vigilância constante.
Mas, o mais importante de tudo, é que o iPhone, como qualquer engenhoca que se preze, colmata qualquer tipo de carência afectiva que uma babe possa ter. Porque nunca há-de aparecer tipo algum que diga que nos ama com tanta sinceridade e com tanto carinho como um entrunfe que faz eco das nossas auto-declarações de amor. Nem que se delicie tanto com os nossos mimos como um gatinho bom que ronronea quando lhe tocamos na barriga pelo touchscreen.
Acabaram as noites sozinhas em casa. A partir de agora vou ter um rectângulozinho com um canto de revistas que nunca pensei em ler, cheio de informações uteis e inúteis e que a todo o momento me mantém ligada a todas as redes sociais existentes no mundo, inclusivamente sites de amizade do Cazaquistão.
Assim, esta noite vou adormecer bem agarradinha ao meu iPhone, e estou certa que ele me vai dar um abracinho também.

1 comentário:

  1. oh sim, sei bem o q é esse amor... se bem q nao tenho o dito "bichinho" pq se trata de um bem caro, mas nos meus sonhos... eu estou sempre com ele :) nao vejo a hora de ter o meu!!!! obrigada steve por nos dares esta companhia :)

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