segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Brave New World onde as mulheres não se depilam

Já vos aconteceu deixar a mente levar-vos por maravilhosos pensamentos de perfeição e coisas boas? A mim aconteceu-me vulgarmente. Desligo do mundo real e deixo a mente divagar. É fácil perceber um desses meus transes porque ao olhar perdido se junta um Mona Lisa's smile, e o breve vislumbre desses meus maravilhosos pensamentos. A possibilidade de uma vida sem depilação faz parte desse leque de divagações. Sim, eu tenho um sonho. Um sonho onde não precisamos nunca mais de nos depilar. Nem com cera, nem com Epiladys e afins, nem mesmo com cremes ou gilettes. Ah…. E faltam-me palavras para contar. Não, não anseio por um mundo de mulheres peludas, ao jeito das mulheres nórdicas, mas em baixinho. Se há coisas más e feias neste mundo são pelos, estejam os danados onde estejam. Como pode algum sapatos ser lindo enfiado na terminação de uma perna peluda? Como pode um top causar sensação se a atenção está concentrada numa axila peluda? Como pode um beijo saber a morangos e chocolate se por cima da boca está uma penugem, algures entre um Hitler e um Cantinflas? Ou seja, e para que fique claro, eu não quero viver com pelos. Quero é que eles saiam de mim de uma vez por todas. Mas como? Até aparecer por aí algum ser humano mais evoluído, sem dentes do siso e sem pelos, teremos que nós que ir a correr para a esteticista cada 15 dias? Deixar de ir à praia porque os danados já começaram a dar um ar da sua graça ou, em alternativa, submeter-nos à cruel lâmina de uma gilete, amiga fiel sempre escondida por entre tampões e vernizes nas gavetas mais recônditas lá de casa? Mulheres deste mundo - e homens estranhos que gostam de se depilar, apesar de não ser strippers nem desportistas - este fardo que a natureza nos deu está próximo do seu fim. Basta abrirem a carteira e cerrar bem os dentes para suportar a dor, e o laser amigo virá em vosso auxilio. De modo que enquanto a nossa sociedade não se virar de pernas para ar de tal forma que passe a ser socialmente aceitável usar buço e pavonear ao mundo a bela da perna peluda, enquanto isso não acontecer (oh God, e que nunca aconteça!) há que lançar mão de medidas extremas. E se essas medidas implicarem queimar a raiz dos pelos até cheirar a churrasco, agarrar-se com força ao que esteja mais à mão quando as picadas nos fazem estremecer o corpo e deixar de apanhar os raiozinhos de sol durante alguns dias da nossa vida… que seja. Valores mais altos se levantam, caramba. Alguns dirão que estou a exagerar, e que mais pelo menos pelo pouco interessa. A beleza interior… quem gostar de mim há de gostar de cada pelo do meu corpo… etecetera e tal. Dirão que este é capricho estético socialmente aprendido, e que as miúdas das revistas não devem ditar a nossa aparência. Tudo muito certo. A sério, concordo com absolutamente tudo. Nevertheless, prefiro manifestar a minha concordância num corpinho sem pelos.

4 comentários:

  1. ...'estejam os danados onde estiverem'?... e os pelos da cabeca? Tecnicamente os cabelos sao pelo, ie, apêndices filiformes de origem dérmica formados por queratina.
    Maria A
    xxx

    ResponderEliminar
  2. Bem Maria... eu já usei o capelo rapado na versão Sinead O'Connor de modo que sou suspeita para opiniões capilares. Mas tens razão, rectifico: "estejam os danados onde estiverem, desde que abaixo da linha das sobrancelhas" (assim inclui tambem eventuais danados que saiam do nariz... medo....).

    ResponderEliminar
  3. Ahahahahahah.O Patife é fã fa liberdade individual. Sobretudo a liberdade individual sem pêlos. ;)

    ResponderEliminar