domingo, 2 de setembro de 2012

Apologia dos homens (e das mulheres) fáceis

Há muitos anos atrás conheci um suposto príncipe que me fez suspirar e tremer logo que pus a vista em cima. Recordo-me de na altura o meu melhor amigo (na altura, agora e sempre) me advertir seriamente para não passar para “intimidades” (vá lá, chamemos-lhe assim) imediatamente, caso contrário o fulaninho ia pensar que eu era fácil. E quanto lhe perguntei desesperada “então quando?”, ele atira para o ar um suposto prazo de 3 semanas, dizendo que lhe parecia razoável. Parente o meu olhar estupefacto explicou-me que ele não pensava assim, e que lhe era indiferente se a menina dormia com ele na 267ª noite ou na 1.ª, mas que algumas pessoas levavam a questão muito a peito, e que para me salvaguardar deveria ter isso em conta. Caso contrário tipo ainda pensava que eu era uma leviana, e mal tivesse o que queria partia para outra, porque os homens - esta parte é especialmente boa! – gostam de desafios e de mulheres que os fazem transpirar… whatever… Ora, apesar deste meu amigo ser em regra dono de sábias palavras desta vez não pude concordar. Porque se aquilo que faz com que alguém se interesse por mim é o grau de dificuldade que levanto a supostos pretendentes, então, convenhamos, isso é bem pouco, para não dizer nada. E o meu sentido de humor? E a minha inteligência? E a minha dedicação e fidelidade? Que mais não seja as minhas mamas ou as minhas pernas? Nada disso conta? Caramba, eu quero ser desejada e amada pela pessoa que sou, não pelos entraves que coloco até que conheçam a pessoa que sou. Porque se assim não for, se for apenas o desafio e a luta a alimentar esta suposta paixão, então, logo que o desafio termine termina também a dita. E, meus caros, o desafio termina sempre algum dia. Poderá ser passado umas semanas, uns meses, ou até apenas quando o tipo nos coloca a aliança no dedo, mas há um dia em que ele nos ganha. E então o quê? Já tem o troféu e perde o interesse, como uma criança que atira o boneco para o chão depois de lhe ter arrancado a cabeça porque já sabe o que tem lá dentro? Por isso é que eu não tenho paciência para jogos e joguinhos, para telefones que tocam e não são atendidos para não levar a pensar que estamos pendentes desse telefonema (e não estávamos mesmo?), supostos compromissos que não existem para que ele não pense que estamos sempre disponíveis (e para ele não estamos mesmo?), enfim toda essa panóplia que as revistas da especialidade nos metem na cabeça. Se eu quero estar com ele é porque quero e não inventar dificuldades e artimanhas, porque tudo isso queima muito tempo e eu não tenho todo o tempo do mundo para que o meu sapo/príncipe/sapo me encontre. A vida é demasiado curta e demasiado preciosa para perder tempo a ser difícil e inacessível. E o mesmo vale para os homens. O turn off para mim é o tipo que me faz pensar que não consigo chegar a ele. Sabes que mais miúdo? Se calhar também não quero chegar. Fulanos que aparecem sempre com uma miúda diferente, que falam para ti como se fosses a última da sua lista e que têm sempre agendas ocupadíssimas, esses, ofereço-os de bom grado a quem os quiser e tiver paciência para esquicites. Gosto de coisas fáceis. Basicamente gosto de homens que me caiam no colo. Que não liguem quando querem e lhes apeteça, que não façam jogos do gato e do rato, que quando não gostam se ponham a andar mas que se gostarem o demonstrem sem pejos. As dificuldades e os desafios terão o seu peso noutras dimensões da nossa vida, mas nas relações humanas devem dar lugar a coisas fáceis e simples. Basicamente, gosto de homens fáceis, e este é post dedicado a todos os homens fáceis da minha vida.